segunda-feira, 23 de julho de 2012

Início (Parte 4)


Não houve parada para descanso e nem diminuição na marcha. Os primos correram sem parar seguindo os pequeninos. Claus parecia que iria morrer pois estava visivelmente fora de forma e sentia-se faminto mesmo tendo comido a pouco tempo. A floresta parecia sempre igual, árvores enormes e quase nada de céu, troncos e galhos caídos e um aspecto sinistro no geral.
Passaram por entre duas árvores colossais e entraram eu uma espécie de vila com casas de madeira velha e cercadas por muros do mesmo material. Muitos olhares curiosos daquelas criaturas pequeninas. Havia muitas delas, algumas crianças, pelomenos foi o que Marcus percebeu por serem menores ainda.
--Eu sou o lider dessa vila—disse o pequenino que já havia dado a entender sua importância.
--Vocês são pigmeus?—perguntou Claus fazendo um esforço incrivel para conseguir falar.
--Não, nós somos Gnomos.
--Mas gnomos não tem barbas brancas e chapéus pontudos? –perguntou Marcus.
--Paradigma seu—disse o gnomo.
--E você tem nome?—perguntou Claus.
--O que importa se eu tenho nome? Afinal de contas para vocês nós não existimos.
--Estamos vendo vocês—disse Marcus.
--Só agora que os sorrateiros estão atrás de vocês? Precisamos roubár vocês para atrair sua atenção através da fúria.
--Não é legal ser roubado—disse Marcus.
--Disso eu sei, sabemos todos.
--Quem são esses sorrateiros afinal? – Perguntou Claus cheio de medo.
--E isso te importa? Não estão atrás de você.
--Mas estão atrás do meu primo e eu também sou Renner – disse Claus estufando o peito.
--Ora vejam só, há coragem dentro de você. Se é assim estão atrás de você também.
--Mas quem são eles afinal? – perguntou Marcus.
--Eles são duendes. São verdes, são maus, e andam livremente pela floresta. Tem cerca de 1,70 e dividem-se em dois grupos. Uns são os soldados que usam armadruras de ferro, escudos, espadas e elmos. Outros são os sorrateiros que andam com trapos leves parecendo quase invisiveis. Espreitam você e não fazem nenhum barulho sequer, você não os percebe a não ser por seu cheiro horrivel. Nós vivemos aqui a deriva deles, oprimidos, só podemos construir nossas casas com madeira podre pois as driades nos matariam ou nos aprisionariam se pegarmos algo de suas preciosas árvores enormes. Elas não ligam para os duendes mas muitas vezes os usam.
--Quem comanda os duendes? – perguntou Marcus.
--Você – o gnomo sorriu.
--Como assim eu?
--Você é o cavaleiro do Corcel de prata, você descende dele, seu espirito é inquieto e você deve seguir sua tradição.
--Mas como diabos isso é possivel?
--Siga essa rua—o gnomo mostrou a entrada de uma caverna escura e suja no final da rua que cortava a vila—vá, e mate a criatura despresível que vive lá. Vá logo, você e seu fiel escudeiro balofo.
Um dos gnomos entregou a pá devolta a Marcus – Acerte com força na cabeça dele—disse o pequenino. Claus estufou o peito e com a camiseta suja e banhada em suor, seguiu seu primo sem medo até aquela caverna sombria.

Continua...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Início (Parte 3)


--Apareçam covardes! – gritou Marcus batendo com a pá em uma árvore.
--Não faça isso! – Exclamou uma vozinha vinda de trás dos dois.
Marcus e Claus viraram-se, Marcus com os olhos cheios de raiva e Claus tremendo de medo.
--Vamos te pegar—disse Marcus.
--Me inclua fora dessa—retrucou Claus.
Marcus seguiu o som da voz vasculhando minuciosamente o terreno. Haviam folhas caidas por sobre uma grama fofa, iluminada por uma fraca luz amarelada que entrava pelos galhos das árvores. Também haviam alguns galhos caídos e a floresta parecia não acabar mais.
--Marcus, não esquece que a gente ta perdido aqui—disse Claus roendo as unhas.
--Eu sei, mas achar esse idiotas é a unica coisa que me vem na cabeça para encontrar o caminho de casa. E olha lá, um tronco caído.
Marcus correu até um tronco caído ha uns 20 metros à sua frente. Claus foi logo atrás.
--Grande coisa um tronco caído.
--Grande coisa isso – disse Marcus mostrando ao primo uma chave de fenda de cabo vermelho.
--A chave de fenda do Opa! –exclamou Claus.
--Ela mesmo. É uma pista.
Marcus tinha uma visão de águia, conseguia ver detalhes a distâncias longas. Já Claus não via muito mais que um palmo a frente do seu nariz, já o cheio da comida ele farejava a quilometros.
--Marcus, essa floresta parece não ter fim.
--Por isso que a chamam de floresta infinita – disse a mesma vozinha vinda de trás do tronco caído.
Marcus imediatamente pulou e caiu tropeçando na caixa de ferramentas do seu avô. Claus caiu em cima dele e os dois ficaram embolados no chão. Foram cercados por varias criaturinhas bem pequenas com a pele toda negra, algumas com manchas marrons.
--Marcus eles são Pigmeus! – gritou Claus desesperado.
--Eles que tentaram nos pegar e roubaram as coisas da casa da Oma.
Marcus tentou juntar a pá mas o que parecia ser o lider dos pequenos pisou em cima e mostrou seu punho segurando uma pedra.
--Roubamos para tentar atrair vocês—disse ele com uma vozinha fina.
--O que querem de nós!—disse Marcus.
--Ajudar vocês.
--Ajudar a que?
--Não se intrometam! Agora nós pegamos o garoto certo!—gritou a mesma voz renitente do jardim, vinda de cima das árvores e ecoando pela floresta. Nesse instante algo passou assoviando e por pouco não atingiu um pequenino que estava logo à frente de Marcus.
--Vamos!—exclamou o suporto lider dos pequeninos – Sigam-nos, antes que os sorrateiros peguem voces.
Continua...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Início (Parte 2)


Marcus virou-se para os arbustos e rapidamente pegou um dos cascalhos que ficavam em volta da estradinha. Arremeçou-o com força e virou-se para ver o outro barulho vindo da cerca viva do muro logo atrás dele. Seja lá quem fora pulou rapidamente para o outro lado, quando virou-se novamente para ver o arbusto, quem quer que estivesse lá já havia sumido. Logo em seguida a avó saiu porta afora e quando viu aquele buraco enorme gritou.
--Mein Garten! O que fizeram!
--A gente ta encrencado Marcus—disse Claus estirado no fundo do buraco e gemendo de dor.
A avó fez os dois irem até um terreno perto da casa e trazer terra para repor o estrago. Não acreditou na história da voz misteriosa e nem deu bola para o choro de Claus.
--A Oma e o Opa pensam que foi a gente que fez o buraco—disse Marcus—e ainda por cima ficaram decepcionados comigo porque eu gosto tanto de jardim. O que pode ser pior que isso?
--Pior que isso é os cretinos que fizeram o buraco terem também roubado meu pacote de biscoitos recheados que escondi na cerca viva. E a Oma nem ligou para minha dor nas costas por ter caído no buraco.
--Para de reclamar, a gente ta quase pronto, mas pior que outras coisas andaram sumindo por aqui, como o regador da Oma que deu sumiço já tem uma semana.
--Também o banquinho do piano e as ferramentas do Opa, vão pensar que foi a gente Marcus.
--Ladrão a gente não é e disso eles sabem. Não vejo a hora de terminar logo isso, já to morto de cançado.
--E vai ficar ainda mais cançado—disse a voz renitente, dessa vez ela vinha do meio das árvores.
Marcus correu até lá com a pá na mão e Claus correu logo atrás com medo de ficar sozinho ali parado. O sol já ameaçava se por e no meio das arvores tinha pouca luz, mas o ambiente ali estava sombrio demais.
--Aparece logo!—Gritou Marcus –O que você fez não se faz!
--Marcus, essas árvores estão grandes demais.
--Isso tá esquisito.
--Marcus, olha!—disse Claus cutucando o primo e apontando para a direção da casa.
Marcus virou-se, não havia mais casa, estavam em meio a um bosque sombrio e frio, estavam sozinhos e estava anoitecendo.
Continua...

Início (Parte 1)

Marcus tinha uma paixão especial por jardins e quintais, adorava passar as tardes admirando as flores, arbustos, árvores e pássaros do jardim da casa da sua avó. Aos 10 anos pensava em ser paisagista o que era algo incomum para um garoto dessa idade. Queria construir uma casa enorme em meio a uma imensidão de arvores, flores e arbustos. Quem sabe até jardins suspensos e fontes dos desejos. Cada cantinho para ele daquele jardim era mágico, cada pedra, cada sombra. Seus pais tios e avós se perguntavam de onde vinha tal paixão por jardins.
Naquela tarde fria de inverno iluminada pelo sol, Marcus estava andando pra lá e pra cá pelo jardim observando as folhas que estavam pela grama quando sua avó gritou.
--Claus Komm her! – E seu primo Claus que era bem gorduxo, parecia um bolão, tinha cabelos ralos e bochechas bem inxadas e vermelhas, vestia uma camiseta de mangas cumpridas debaixo de uma camiseta da seleção da Alemanha. Saiu porta afora correndo com uma bolacha na boca e outra na mão.
--Toma, roubei da Oma, ta quentinha ainda –disse o gordinho ofegante.
--Não tem vergonha? Guloso, tomara que de dor de barriga.
--Vou entender isso como um não, assim sobra mais pra mim. E olha minha camiseta nova –Virou-se mostrando seu próprio nome estampado nas costas com o numero 9.
--Ah, devia de ser um zero bem redondo como você.
--Inveja, aposto que a sua nem nome tem.
Marcus, que estava usando a camiseta de goleiro, jogou seus longos cabelos loiros para o lado e Claus leu o nome “Marcus“
--E é autografada por um jogador famoso.
--Sério? Quem? Onde?
--Se pedir desculpas pra Oma eu te mostro.
--Ta bem, fechado.
Claus correu em disparada, desengonçado e com a outra bolacha na boca, indo pedir desculpas para a avó de boca cheia. Quando do nada o chão cedeu debaixo dele que caiu num buraco no meio do jardim. Marcus pensou que seu primo estava tão pesado que havia aberto aquele buraco com seu peso e foi até ele para conferir.
--Vou chamar a Oma—disse ele ao ver seu primo esparramado ha uns dois metros abaixo dele, choramingando e fazendo um drama da maneira que só ele conseguia fazer.
--Não adianta, é o fim, eu vou morrer mas antes me conceda um ultimo pedido.
--Qual  é?
--Escondi um pacote de biscoito recheado na cerca viva ontem, pega pra mim?
Marcus não se conteve e caiu na gargalhada mas o riso não durou muito pois uma voz renitente soou em meio aos arbustos.
--Qual é a graça? Pegamos o garoto errado!
Continua...